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Comissão de Defesa do Consumidor debate transporte coletivo


“Sistema adotado na Região Metropolitana de Curitiba é modelo para todo país e não podemos vender a ideia de um projeto perfeito, quando na verdade é falho e insatisfatório”, apontou Requião Filho.

Foram duas horas exaustivas de uma reunião organizada pela Comissão de Defesa do Consumidor que apontou inúmeros problemas no transporte coletivo da Região Metropolitana de Curitiba. Estiveram presentes deputados e representantes do Setransp – Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros no Estado do Paraná, e Sindimoc - Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Ônibus de Curitiba e Região Metropolitana.

O presidente da comissão, deputado estadual Requião Filho (PMDB), lamentou a ausência dos diretores das empresas de ônibus cadastradas na prefeitura que foram convidados a prestar esclarecimentos. Em seguida, foi exibido um vídeo contendo uma série de depoimentos coletados nos terminais de ônibus, gravados por equipes de reportagem de diferentes emissoras de TV. Em todas elas, ficaram evidentes problemas considerados graves em horários de pico, como atrasos, superlotação e a qualidade dos ônibus.

A queixa recebida pela comissão, e que motivou a reunião, era de que o sistema receberia quase mil reclamações por mês dos usuários, porém os números foram contestados pelo diretor executivo do Setrans, Luiz Alberto Lenz Cesar. “São 21 milhões de usuários por mês e os números que temos apontam cerca de 500 reclamações no período. Além disso, a central 156 não especifica o que são ligações de elogios ou críticas ao sistema, portanto não há como saber se todas estas pessoas estão ligando para reclamar”, ponderou.

Outros dados apresentados apontam que hoje em Curitiba de 1424 veículos operantes, 180 deles estão com vida útil vencida.

Os contratos recomendam uso máximo para cinco anos, mas a frota tem em média 6,2 anos. Entretanto várias questões contratuais estão sendo questionadas na justiça pelas empresas de ônibus. Segundo Lenz, questões como pagamento integral da tarifa técnica, problemas contratuais, manutenção de veículos orçada em apenas uma empresa privada, a falta de investimentos e aplicação dos recursos do Fundo de Urbanização em inovações por parte do poder público, são fatores que engessam o sistema.

Para o deputado Requião Filho, o que importa aos passageiros é custo, qualidade e velocidade. “Há muito para debatermos sobre o assunto. Os próprios tubos de ônibus, considerados cartões postais para a cidade, não servem como modelo para nenhuma outra região metropolitana porque escondem uma série de problemas. Também não dá para pensarmos que ter um transporte coletivo de qualidade vai diminuir o número de carros circulando na cidade. É uma questão cultural, estas pessoas não vão deixar seus carros em casa para andar de ônibus”.

Na questão sobre a recusa de passageiros, segundo o representante do Sindimoc, Anderson Teixeira, o problema está ligado ao estresse a que estão submetidos os motoristas. Em 2010, havia entre 8 a 9% dos motoristas afastados por problemas de estresse. Hoje este número chega próximo aos 20%. “A superlotação, a idade avançada dos veículos, a segurança e os atrasos são os principais fatores. Um ônibus chega a demorar quase dez minutos para fechar a porta e sair de um terminal, porque as pessoas querem se amontoar pela falta de outros ônibus. A recusa no embarque é a causa da maior parte das reclamações e isso gera um grande esgotamento no profissional. Sem considerar os assaltos. Têm terminais que eles nem param, porque em um único dia já foram assaltados ali cerca de nove vezes, e a falta de segurança gera um trauma muito grande no profissional”.

O deputado Chico Brasileiro (PSD) também iniciou uma discussão a respeito do Metrocard, instituído pela Comec este ano, sem licitação, para substituir a bilhetagem existente. Requião Filho concordou com a preocupação do deputado e completou: “É o lobo em pele de cordeiro. Entregaram a empresas financeiras algo valiosíssimo, que são os dados dos usuários para afundar os mais distraídos e ingênuos em dívidas com créditos consignados. Sim, porque o faturamento desse cartão certamente está pagando comissão para essa empresa que, mais dia menos dia, poderá trazer muitos problemas financeiros aos desavisados”.

A deputada Cristina Silvestri (PPS) lembrou ainda questões graves como o assédio às mulheres, que evitam entrar em alguns ônibus devido à superlotação e à falta de segurança. O deputado Requião Filho concluiu a reunião dizendo que em breve o tema voltará à pauta e espera a presença dos empresários e demais entidades ligadas ao sistema. “Não é admissível um trabalhador perder seis horas do seu dia de trabalho para se deslocar. Precisamos buscar uma maneira de minimizar isso e rever estes contratos”, finalizou Requião Filho.

Assista ao vídeo:

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