O jogo do poder: quando a conveniência vale mais que a coerência
- Gabinete Requião Filho
- 21 de mar.
- 2 min de leitura
Quem tem medo da prisão? É interessante observar quem se incomoda com esse tipo de pergunta. Quando determinados nomes e partidos são expostos, logo surgem discursos inflamados sobre justiça e perseguição, mas, curiosamente, isso acontece sempre de forma seletiva.
Existe uma nítida divisão política no Brasil que se torna necessária para ambos os lados, onde um se torna relevante na presença do outro. Os lados justificam suas necessidades de existir reforçando o quanto o “outro é ruim”, mas pouco discutem o que realmente defendem. E se der um problema? Ah, aí a culpa é do centrão.
Empreiteiras, instituições, empresas, esquemas. O jogo do poder se repete de forma obstinada, sistemática e constante. Alguns perdem cargos, outros escapam pelos atalhos do sistema corrompido. E, assim, a roda gira. Gira rápido, movendo engrenagens antigas e bem encaixadas. Já reparou? Pessoas que antes estavam no Senado, hoje são Ministros ou Deputados Federais para se manter no jogo (ainda mais imunes ao devido processo legal). Quando finalmente são pegos, não hesitam em atacar o Sistema que antes os favorecia e beneficiava.
Deixamos a ingenuidade de lado quando entendemos que essa receita de bolo bem serve aos dois lados. Quando interessa, se apoiam em prerrogativas constitucionais e institucionais, e justificam decisões sob o manto da legalidade brasileira. Quando não interessa, denunciam perseguições e abusos, fingindo surpresa com um Sistema um tanto obscuro que sempre funcionou assim.
O desejo de manter o poder é insaciável e incontrolável. Para alguns, um cargo eletivo não basta. Querem estabilidade, posições vitalícias e a garantia de que estarão sempre protegidos, não importa o que aconteça e nem os crimes cometidos.
Hoje, buscam anular provas, amanhã condenam pelo mesmo motivo. Um dia, alguém se vale da presunção de inocência; no outro, exigem punição imediata. A verdade deveria ser o critério, o princípio, mas a prática mostra que o critério real é o interesse do momento. O correto é tratar amigos e inimigos da mesma forma, sem dois pesos e duas medidas. Mas a realidade política é outra: tanto na direita, quanto na esquerda, a mediocridade e a hipocrisia imperam.
As figuras que denunciavam práticas jurídicas duvidosas antes, mais tarde usaram os mesmos mecanismos quando foi conveniente. Não se trata de ideologia e defesas coerentes, se trata de Poder. Punem, prendem, destroem carreiras, famílias e histórias, mas seguem se agarrando de forma obstinada ao que podem.
É no jogo do poder que a política se desloca e tira o pé da realidade. O que importa para os brasileiros não é quem vai ser preso ou absolvido, mas se vai ter trabalho, comida na mesa, escola para os filhos e segurança nas ruas. Repare no abismo: na política, o objetivo é garantir o poder. Na realidade, a busca é para garantir a dignidade.
Enquanto os extremos forem as únicas posições políticas possíveis, sempre que alguém cometer um crime estará 100% protegido por um extremista. De direita e de esquerda, não importa. É assim que se cria a carta branca que beneficia os dois lados, tornando possíveis as ilegalidades e a corrupção. Um jogo de poder e de torcidas.
Artigo publicado no Blog do Esmael

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